Estou certo de que o exercício de uma profissão está submetido ao seu tempo. Isto é óbvio. De tal forma que um médico da época dos meus avós não é o mesmo médico que consulto, nem será o mesmo dos herdeiros da minha sorte. Ainda que os de hoje sejam 'cyber-médicos proficientes em bio-robótica', chamamo-los simplesmente 'médicos'. Pois que sua função é, e será sempre, independente da técnica: tratar enfermos (e não enfermidades, como eles gostam de ressaltar).

Com o jornalismo parece acontecer algo diferente. Um ímpeto incontido dos seus profissionais de quererem ser chamados, muitas vezes sem ser, de portadores da novidade. Não só relativa ao conteúdo, muito mais às técnicas. Queremos sempre ser 'cyber', 'pós', 'hyper', '2.0', e tantos afixos que atendem melhor à estratégia de venda da informação. A qual se sustenta sobre o meio que usa e não sobre conteúdos relevantes, ou interessantes, ao consumidor.

E, como leitores, sentimo-nos mais bem informados por recebermos noticias mais rapidamente, sob diversos formatos, de distintas fontes, agregada de formas igualmente diferentes, acessíveis em qualquer local ou tempo. Uma sequência de novidades que nada acrescentam solidamente à veiculação da informação, que no fundo é a mesma informação do papel (refiro-me às práticas cotidianas, mais ao que vejo ser veiculado do que ao que vejo ser discutido).

Acredito que isto apenas retardará o enfado que já sentimos ao ler jornais impressos, com exceções que cabem a qualquer regra. E que as seguidas novidades que surgem na técnica do jornalismo devem compor um arsenal para o jornalista. Do qual deverá fazer uso de acordo com a situação, mas sempre com o mesmo alvo: informar o leitor.