Profissão de marcha a ré

Quando aqui e ali temos um novo publisher, um novo sujeito a nos informar das coisas do mundo, a centralização das coisas é cada vez mais afastada de nós. Aos poucos vamos nos desligando dos grandes pólos, e nos encontrado em pequenos blocos que atendam melhor a cada uma de nossas necessidades. Grandes oráculos esfacelam-se mundo a fora, jornalões fecham as portas ou reduzem suas equipes. No mundo dos bits, cada IP registra um gerador de informações em potencial, e as grandes máquinas (as mesmas que já ouviram tanto gritos para que as parassem) vão ficando quietas em algum almoxarifado empoeirado. Pagam pelos erros cometidos em nome de um espaço publicitário maior, e não mais bem valorizado, em suas páginas.

Enfim, deixo quem quer que seja o leitor com uma charge do Laerte que 'scaneei' de algum lugar há certo tempo.



assim caminha a humaniidade


Antes de começar, desconsidere erros de grafia, concordância e até de lógica, justificáveis pelo adiado da hora.


Até porque só conhecemos o limite de muitas coisas ao tranpor-los. Ainda que o próximo passo seja menor que o anterior, e que o zelo aumente a cada instante, só conheceremos realmente a fronteira quando já aultrapassamos. Semelhante a quando enchemos uma bexiga de festa e desejamos saber qual o ponto máximo que ela atinge antes de estourar. Será no próximo sopro? No seguinte? Pode ser um hálito singelo, uma respiração inquieta que desencadeará o estouro da bola. Antes dele, não sabemos qual a sua capacidade total, o seu limite.


Também assim temos na matemática, em que uma função linear aproxima-se de seu limite pela esquerda, ou pela direita sem nunca conhecer o real ponto em que ela não existe. Conhecer tal ponto é uma tarefa impossível aos domínios da lógica e da razão.


E, por mais que nos precavamos dos males em nossos caminhos, de fato só o conheceremos quando enfim se sucederem. Conselhos e opiniões são inúteis a nossa vontade de ir além, obstinados a provar 'por a +b' que algo não é do jeito que dizem. Por mais gabaritadas ou respeitosas que seja aquilo que ouvimos, a nada damos ouvido. "Não pula daí que você vai cair.", "Não sopra outra vez", "Não vai além", "Não joga tantas fichas nestas incertezas", "não acumula tanto e distribui mais". E tantas outras máximas de nossos pais e mestres que cansamos de ouvir e igualmente ignorar. Seguimos em nossas ações, sem temer o fim que nos espera.


Ao fim, a bola estourará. Em nossas mãos restarão os retalhos da nossa teimosia e presunção. Ou cacos de um mundo em desalinho com suas próprias regras de convivência. Sejam estas regras externas ou não, o próximo sopro poderá não ser de vida. Saturado estará o mundo de egos e desamor.


Mas, não sejamos por demais presunçosos. O fim da humanidade não será o fim do nosso planeta. Ainda da matemática, o limite de qualquer função tende sempre ao infinito. Moneras, mais desenvolvidos que muitos de nós, darão conta de cuidar bem do verdadeiro patrimonio da humanidade.

Passado Jornalismo Futuro Jornalismo

Estou certo de que o exercício de uma profissão está submetido ao seu tempo. Isto é óbvio. De tal forma que um médico da época dos meus avós não é o mesmo médico que consulto, nem será o mesmo dos herdeiros da minha sorte. Ainda que os de hoje sejam 'cyber-médicos proficientes em bio-robótica', chamamo-los simplesmente 'médicos'. Pois que sua função é, e será sempre, independente da técnica: tratar enfermos (e não enfermidades, como eles gostam de ressaltar).

Com o jornalismo parece acontecer algo diferente. Um ímpeto incontido dos seus profissionais de quererem ser chamados, muitas vezes sem ser, de portadores da novidade. Não só relativa ao conteúdo, muito mais às técnicas. Queremos sempre ser 'cyber', 'pós', 'hyper', '2.0', e tantos afixos que atendem melhor à estratégia de venda da informação. A qual se sustenta sobre o meio que usa e não sobre conteúdos relevantes, ou interessantes, ao consumidor.

E, como leitores, sentimo-nos mais bem informados por recebermos noticias mais rapidamente, sob diversos formatos, de distintas fontes, agregada de formas igualmente diferentes, acessíveis em qualquer local ou tempo. Uma sequência de novidades que nada acrescentam solidamente à veiculação da informação, que no fundo é a mesma informação do papel (refiro-me às práticas cotidianas, mais ao que vejo ser veiculado do que ao que vejo ser discutido).

Acredito que isto apenas retardará o enfado que já sentimos ao ler jornais impressos, com exceções que cabem a qualquer regra. E que as seguidas novidades que surgem na técnica do jornalismo devem compor um arsenal para o jornalista. Do qual deverá fazer uso de acordo com a situação, mas sempre com o mesmo alvo: informar o leitor.

o futuro e o jornalismo

http://geekandpoke.typepad.com/geekandpoke/
É, o futuro mexe com mentes, corações e 'opiniães'. Ele não pertence a ninguém, e sobre ele pouco podemos inferir. Mas o rebuliço que provoca qualquer fala a respeito do futuro é percebido em qualquer conversa ou tratado.
Mais do que as reações quanto ao futuro, são as quanto à profissão de um indivíduo. Faz parelha com "botar a mãe no meio" ou "sapatear-lhe as fuças".
Daí, também por essas reverberações, motivo-me a postar neste blog que estava a espera de atendimento num pronto socorro qualquer do SUS.
A culpa, ou sua gota d'água, foi do Pedro Dória. Ao escrever "O futuro do jornalismo.(Que futuro?)" me fez lembrar de umas conversas o opiniões que vinha amadurecendo. Mas não, este não é um post conclusivo. Sequer colocarei minha mão nesta caixa de maribondos. Deixe lá o Pedro e seus, até o momento, 124 comentários. Ah, foi este número que estimulou cá a 'ressurreição' do blog.

Particularmente, algumas coisas me chamaram muito a atenção no post do Pedro:

Já no começo do texto: "Vários de vocês me pediram para falar mais sobre a relação de jornais, e do jornalismo, com a internet." Primeiro, uma observação, é uma falta de respeito com a grande rede grafar seu nome com inicial minúscula. Segundo, é um interesse medonho por jornalismo e Internet. Jornalismo é esta coisa e Internet essa outra? Por que não "Jornalismo e anúncios de animais jornal"?

Noutro ponto, o subtítulo: "Não há otimismo". Nunca há. Porque 'haveria de haver' no jornalismo? Muito mais, no futuro?

Sobre a morte ou declínio das grande empresas jornalísticas, atira o Pedro: "os grandes grupos de mídia brasileiros têm mais tempo do que os norte-americanos para enfrentar as mudanças que já estão acontecendo. Em sua maioria, estão postergando tais mudanças por dois motivos. O primeiro é que não sabem exatamente o que têm de fazer. O segundo é porque nós, jornalistas, somos bichos extremamente conservadores. Resistimos a mudanças." Ponto um, os grandes grupos de mídia brasileiros, são os grandes grupos de outros setores de produção. No jornalismo, mantém algumas ações de renda fixa. Ponto dois, jornalista é a $#@#... Ponto três, resistência a mudança e conservadorismo são sinônimo de uma incompetência apenas aflorada diante do declínio do negócio jornalismo.

Pedro falando da mudança do mundo e caduquice do modelo de mídia: "Vocês, leitores, não acreditam que sejamos objetivos. Vocês têm certeza de que os donos de jornais têm interesses e que usam seus veículos para encaminhá-los." Assim como todo mundo repete assobiando: "se dirijir, não beba". Mas o que dá "na centena e na milhar"? Zebra. Nego mamado capota o carro. Leitor consciente não é sinônimo de renegação da mídia(arg).

O texto tá ficando cumprido e eu ainda não falei nada de futuro da relevância dos fatos, nem dos comentários do post.

Melhor mesmo é passar lá no blog do Pedro, que não deixa de ser irmão do Tiago. Mas a melhor parte mesmo do texto do Pedro os comentários que ele recebeu.

Tem o Renato metendo terra no capitalismo: "Com a crise apertando o poder estatal ficará ainda mais forte." Também o Caio fazendo piada (acho que o "mesmo" entrou de Robert): "fica difícil acreditar em objetividade, mesmo sabendo como os jornalistas trabalham sério." Mas impagável mesmo é a analogia feita pelo o Credun Fas entre o fim do jornalismo e o da indústria fonográfica: "Vejo o caso do Caio Lopes falando que antes de chegar ao fim da matéria ele já sabia qual o conteúdo dela." E outras caçapadas: "Fala-se em formato e modelo de negócios mas no fundo é o conteúdo que está uma merda". E "Sabemos que a cobertura será totalmente tendenciosa mas o que importa é o fato que está lá debaixo do monte de “opinião”", sobre a Al Jazeera nos conflitos de Gaza. O mesmo ainda fecha com "Viva o press-release… Viva o press-release." Repetido feito mantra nas redações mundo afora e ignorado nas rodas de "Jornalismo e TI" de todo canto.